Desde pequena sempre tive
que lidar com perguntas, comentários e olhares curiosos, bizarros ou ofensivos.
No início, como toda criança, obviamente me incomodava, me chateava e me fazia
sentir ainda pior e menor. Lembro de ouvir minha mãe contar que por vezes ela
chegava na escola para me buscar e lá estava eu, sentada no canto, brincando
sozinha, triste.
Quando entrei na
adolescência e comecei a socializar com pessoas um pouco mais velhas e maduras
passei a não ligar mais para isso. Passei a notar apenas as pessoas que
demonstravam não se importar com a minha aparência um tanto diferente. Ainda
assim tive que enfrentar situações chatas, perguntas “idiotas” e até
“grosseiras” e a sempre presente discriminação e chacota.
E então eu cheguei à época
do Ensino Médio. Lá eu conheci o que era ter amigos. As perguntas diminuíram,
os olhares eram mais discretos e as piadinhas já quase não existiam... Foi a
época a qual eu mais me senti, de fato, alguém como qualquer outra pessoa, sem
nenhuma diferença.
Hoje, já na fase “adulta”,
estou praticamente desacostumada com esse tipo de atitude. Não que me incomode,
muito pelo contrário, por vezes eu nem mesmo percebo os olhares ou comentários
maldosos, e quando eu percebo, aprendi a simplesmente ignorá-los e seguir minha
vida, já que ela não depende – e nunca dependeu – da aprovação de ninguém.
Até que, há cerca de uma
semana atrás, eu me deparei com a pergunta mais... Curiosa, bizarra,
estranha... Enfim, a pergunta mais incomum que eu já havia ouvido.
Veja bem, irei citar algumas
das perguntas mais feitas para mim, enquanto albina. Vejam:
“Você vê as coisas se
mexendo igual seu olho, ou vê tudo paradinho mesmo?” – Referindo-se ao Nistagmo
(movimento involuntário dos olhos, muito comum entre os albinos).
“Você nasceu assim?” – Essa
inclusive é a mais comum entre as crianças.
“Mas o problema é com a sua
mãe ou com seu pai?” – Na verdade essa foi uma pergunta feita à minha mãe certa
vez.
“Você terá filhos albinos
também?” – Essa pergunta é a mais ouvida em disparada, e inclusive uma das que
mais gosto de responder. (A propósito, a resposta é não.)
“Você é fértil?” – Não
entendi até agora o motivo (Se é que há algum) dessa pergunta. Alguém se
habilita a explicar?
Entre muitas outras, as quais
eu demoraria horas citando.
Acho que deu para perceber
que as perguntas variam das engraçadas até as sem lógicas, mas acreditem o
melhor é ver a cara com que as pessoas fazem essas perguntas... E a pior de
todas ainda está por vir.
Estava eu no trabalho certo
dia, até que entramos no assunto “Giselle”. Papo vai, papo vem, comecei a
lembrar das coisas bizarras que ouvia quando criança, como quando um idoso veio
sabe-se Deus de onde, parou na minha frente, encostou no meu rosto e continuou
andando como se nada tivesse acontecido, e eu acabei descobrindo que há um
crença antiga de que pessoas albinas trazem sorte e que tocar nelas é
auspicioso. Não sei bem de onde veio isso, mas achei um tanto curioso e
compartilhei a informação com meus colegas de trabalho.
Rimos bastante desse e
outros acontecimentos estranhos, até que uma colega resolveu entrar na conversa
com a seguinte pergunta:
“Você consegue enxergar de
olhos fechados?”
...
...
...
Foi exatamente essa a minha
reação.
O que leva uma pessoa sã a
perguntar algo inusitado como isso? Claro que eu não disse isso, respondi que
não (tentando ao máximo tentar parecer neutra à pergunta) e então fiz uma nota
mental de pesquisar o motivo da pergunta.
E eis que eu o fiz.
Pesquisei no Google se havia algum mito, história, lenda, mandinga ou algo
relacionado a isso que pudesse explicar de onde minha querida colega de
trabalho tirou essa informação, porém não encontrei nada que justificasse.
E então eu vos deixo essa
missão: Se algumas dessas milhões de pessoas que lêem o ‘Zonzóbulos’ souber de
algo relacionado a isso, alguma crença antiga, sei lá, me avisem. Eu realmente
gosto de ler sobre essas coisas, e fiquei mega curiosa com essa pergunta,
queria saber se há algum fundamento (por mais bizarro que ele possa ser) na teoria.
Caso conheçam alguma outra
teoria, mito ou crença bizarra sobre os albinos, comentem também.
Até a príxoma,
Malfeito feito, be strong...
Nox.
Talvez ela ache que nós albinos tenhamos alguma característica semelhante aos morcegos que, mesmo no escuro conseguem voar para lá e para cá, fazendo o barulho e recebendo a vibração de volta quando o som bate em alguma coisa, assim conseguem voar livremente entre as árvores e nas mais escuras cavernas. Rsrsrsrsrs
ResponderExcluir